quarta-feira, 25 de junho de 2014

PASSAGEM



Ao atravessar a porta do Túmulo, consternados, observam com atenção os caminhos sagrados que nos levam as esferas distantes. O pensamento oscilava entre a memória do passado e o anseio de alcançar as bem-aventuranças da vida eterna, mas as lágrimas dos que ficaram no mundo, enclausuram-lhes as vibrações das tempestades amargas da existência física, asfixiando-lhes de forma terrivelmente dolorosa.

O choque da morte imprime-lhes na mente, tremenda inquietação, enfileirando-os em comunidades extensas de baixo padrão vibratório, onde se refugiam falanges compactas que se aglomeram os que em vida transformou em lágrimas, a alegria do semelhante.

Por isso, devemos abraçar com louvor as oportunidades do amparo fraterno. Antes de ajustar a consciência para a revelação divina, se precipitam nas linhas inferiores. Assistem a dor dos que choram, contudo não lhes compreendem as lágrimas.

Atormentados e desditosos atravessam a porta do Túmulo, sem perceber que ali se inicia uma nova jornada. O fim da vida física, trás a volta da lembrança das falhas cometidas durante a existência. A coroa de flores no túmulo, não apaga da nossa memória as experiências vividas ao longo da vida. Surpreendidos pelos turbilhões de pensamentos que se aninham as lembranças do paraíso de sonhos e fantasias, não percebem a grandeza límpida de o Plano Divino tremeluzir ante nós.

A dor dos que ficaram na Terra arranca-nos dos olhos lágrimas e o vazio íntimo sufoca-nos de forma incompreendida. Experimentamos sensações desconhecidas, mas a fé no Misericordioso auxilia-nos a compreensão na hora do adeus final.

O amor dos que amamos é a lamparina jubilosa que nos conduz ao encontro dos que nos aguardam na esfera longínqua. O medo do desconhecido nos deixa angustiado, e a dolorosa e inarrável saudade avoluma-se-nos o peito. A medida que nos distanciamos da Terra, o deserto íntimo é preenchido pelo contentamento do retorno ao mundo espiritual. Nesse momento, as emoções mais profundas, são acalmadas pelo enternecimento fraterno dos irmãos que nos esperam na vida eterna.

Na marcha do cortejo fúnebre, o Espírito é tomado por uma profunda sensação de deserto e tristeza, as lágrimas são inevitáveis. Antes o vasto panorama Celeste, branco
como neve, compreende que os laços familiares e de amizades que criara no mundo, não são ensejo de impedimento quando o chamado do Altíssimo nos convoca a presença na esfera distante.

Com o fim da existência corpórea, o Espírito renasce para a vida interminável. Consciente, assistem não só o sofrimento dos que a morte feriu-lhes o sentimento, como também a alegria dos familiares e amigos espirituais que aguardam pela sua chegada. Jubilosos, celebram seu retorno à Vida Espiritual. Infelizmente a recepção calorosa não apaga da memória a saudosa lembrança do afeto dos familiares, nem o sorriso animador do amigo, a quem confidenciara os anseios do coração.
Do Livro Aflições da Alma - Rozalia P. Nakahara

Nenhum comentário:

Postar um comentário