Ao
atravessar a porta do Túmulo, consternados, observam com atenção os caminhos
sagrados que nos levam as esferas distantes. O pensamento oscilava entre a
memória do passado e o anseio de alcançar as bem-aventuranças da vida eterna,
mas as lágrimas dos que ficaram no mundo, enclausuram-lhes as vibrações
das tempestades amargas da existência física, asfixiando-lhes de forma
terrivelmente dolorosa.
O
choque da morte imprime-lhes na mente, tremenda inquietação, enfileirando-os em
comunidades extensas de baixo padrão vibratório, onde se refugiam falanges
compactas que se aglomeram os que em vida transformou em lágrimas, a alegria do
semelhante.
Por isso, devemos abraçar com louvor as oportunidades do amparo fraterno.
Antes de ajustar a consciência para a revelação divina, se precipitam nas
linhas inferiores. Assistem a dor dos que choram, contudo não lhes compreendem
as lágrimas.
Atormentados e desditosos atravessam a porta do Túmulo, sem perceber que
ali se inicia uma nova jornada. O fim da vida física, trás a volta da lembrança
das falhas cometidas durante a existência. A coroa de flores no túmulo, não
apaga da nossa memória as experiências vividas ao longo da vida. Surpreendidos
pelos turbilhões de pensamentos que se aninham as lembranças do paraíso de
sonhos e fantasias, não percebem a grandeza límpida de o Plano Divino
tremeluzir ante nós.
A dor dos que ficaram na Terra arranca-nos dos olhos lágrimas e o vazio
íntimo sufoca-nos de forma incompreendida. Experimentamos sensações
desconhecidas, mas a fé no Misericordioso auxilia-nos a compreensão na hora do
adeus final.
O amor dos que amamos é a lamparina jubilosa que nos conduz ao encontro
dos que nos aguardam na esfera longínqua. O medo do desconhecido nos deixa angustiado,
e a dolorosa e inarrável saudade avoluma-se-nos o peito. A medida que nos
distanciamos da Terra, o deserto íntimo é preenchido pelo contentamento do
retorno ao mundo espiritual. Nesse momento, as emoções mais profundas, são
acalmadas pelo enternecimento fraterno dos irmãos que nos esperam na vida
eterna.
Na marcha do cortejo fúnebre, o Espírito é tomado por uma profunda
sensação de deserto e tristeza, as lágrimas são inevitáveis. Antes o vasto
panorama Celeste, branco
como neve, compreende que os laços familiares
e de amizades que criara no mundo, não são ensejo de impedimento quando o chamado do
Altíssimo nos convoca a presença na esfera distante.
Com o
fim da existência corpórea, o Espírito renasce para a vida interminável. Consciente,
assistem não só o sofrimento dos que a morte feriu-lhes o sentimento, como
também a alegria dos familiares e amigos espirituais que aguardam pela sua
chegada. Jubilosos, celebram seu retorno à Vida Espiritual. Infelizmente a
recepção calorosa não apaga da memória a saudosa lembrança do afeto dos
familiares, nem o sorriso animador do amigo, a quem confidenciara os anseios do
coração.
Do Livro Aflições da Alma - Rozalia P. Nakahara