A terra
guarda a poeira de nossas muitas existências que precederam. Quando a vida
findar, na vizinhança do túmulo, não nos deparamos com nossos pais nem com
nossos irmãos, nem com amigos de infância, mas sim, com a Consciência de nós
mesmos. Sentimos com amargura que o vaso físico já repousa em cova profunda.
Olhamos ao redor de nós e nada vemos, apenas ouve-se um ruído súbito, quando o
vento ruge tempestuoso rompendo o véu do silêncio. O temor visita-nos tantas
vezes, que nos raros e quase apagados vestígios de clareza, a lembrança de
quando abdicamos da boa conduta, arraiga-se-nos as vísceras.
Nas
veredas sombrias, o temor é o princípio do entendimento, todavia a falta de
compreensão dispensa a sabedoria e as instruções dos bem-aventurados incumbidos
de desvencilhar das veredas da expiação crucial àquele que não abriu os ouvidos
às palavras do conhecimento.
A
sabedoria adoça-nos a alma, todavia sem o estímulo dos mais evoluídos, os que
cultivam a ignorância, o lume de a esperança se apagará e o enfado e a tristeza
do coração, só tende a aumentar.
No
templo carnal, negando-se a alegria, regaram seus dias com amargura porque seus
corações não tiveram outra ocupação senão alimentar sentimentos impuros.
Acreditaram no total esquecimento da vida terrena. No além-túmulo, ao deparar-se
com a memória do passado, enlutados com a lembrança não percebem que o dia da
morte por mais doloroso que lhes pareça, foi melhor do que o dia do
renascimento na carne. Pelo olho pálido da consciência, assistem suas chegadas
a vida corpórea. Sem nenhuma lembrança dos caminhos percorridos anteriormente,
iniciam suas largas caminhadas em direção à morte, sem o conhecimento das
existências findadas anteriormente.
O passado
é uma valiosa herança que deixamos para nós mesmos, seja ele irrigado de
alegria ou de tristeza, na morte, somos herdeiros das nossas próprias
experiências. Coloridas pelo bem ou obscurecidas pela falta de entendimento, é
um tesouro que adquirimos ao longo da extensa estrada do aprendizado.
Cada
existência é uma dádiva divina; o incentivo necessário para a abençoada
trajetória evolutiva do Espírito no santuário da carne.
Cumprir
sobre a terra o destino do corpo, não deixa de ser uma prova terrível para o
Espírito reencarnante. Com o pavio da memória da existência anterior apagado
deixa se corromper pelo exclusivismo.
Sucumbido
pelos falsos prazeres que a vida terrena nos oferece, esqueceu a prudência, e
mantiveram os olhos bem abertos para a cobiça, e o coração fechado para o
entendimento. Ao invés de escolher a
estrada margeada pelas flores, iniciou a marcha pela vereda de urtigas. Quando
o corpo descer a cova, pelas brechas da aflição, flechas amargas da impureza
arrancar-lhe-ão dos olhos lágrimas.
Consternado,
conscientizar-se de que o esquecimento não lhe foi eterno. Cheio de culpa,
apiedando-se de si próprio, se entrelaça aos braços impiedosos do passado.
Quem
semear espinheiro de ódio não espera colher flores abluídas com amor. A sementeira
do bem, não dará frutos venenosos. O virtuoso acolherá o bem, mas o que fere
com a espada da maldade, será asilado em trevas até que o arrependimento faça
escorrer-lhe no rosto torrentes de lágrimas.
Cada
passagem pela Terra é uma etapa evolutiva. O Espírito motivado pelo Processo
evolutivo desceu a Terra para cumprir na carne as provas que lhe foram
designadas. Retornar à Pátria Espiritual com a “bagagem” escassa de
conhecimento, imediatamente começará a trabalhar a possibilidade de um novo
recomeço na matéria para reparação das suas falhas.
Da
árvore do conhecimento, colhe-se sabedoria, todavia da árvore da ignorância
colhe-se imperfeição regada de inquietação que lhes consumirás as forças.
Sem se aperceber da situação dolorosa em que
se acha, permanece entrelaçado aos braços da ignorância, sujeito a influencia
das trevas. Confinado ao berço dos defeitos morais, se mantêm distanciados dos
Espíritos benévolos dispostos a lhe ensinar o bem, semeando-lhe o coração com
sementes gloriosas do amor irrigadas pelo orvalho da compaixão.
Além
dos cubículos trevosos da imperfeição, resplandece a luz do conhecimento,
intensa e bela, todavia exige de nós alinhado aprimoramento para a travessia da
porta de acesso as claridades da sublimação. No seio acolhedor dos abnegados
irmãos de vida eterna, as oportunidades benéficas surgem como luz de
entendimento.
Impetrando
o conhecimento superior, prazerosamente rememorará os passos iniciais no
Processo do renovado aprimoramento.
Da
bondade do homem emergirá felicidade de peregrino ditoso. O verdadeiro aroma da
perfeição acenderá a luz sublime do amor que lhe iluminará os sentimentos mais
intensos.
Quando
erguer os olhos ao Céu, crerá que através da abobada azul, divisa a pátria do
repouso que conquistará um dia com vigília e sofrimento sob o peso das folhas.
Inquietações, angústias ou gozos da vida lhe serão o mesmo que para o
peregrino.
As
sombras matutinas no solo servem de abrigo para o viajor fatigado. Uma pessoa
de virtude bondosa será acolhida na Pátria Espiritual pelos familiares, amigos
e companheiros de vida eterna com os braços abertos. Jesus ensinou-nos a fé,
resignação e esperança na Infinita Bondade do Misericordioso. A vida mundana
não é senão uma breve passagem. Aceitar os obstáculos sem lamentação é uma
forma de evoluir-se. Cultivar as chamas da bondade é como orvalhar com amor o
coração desesperançado.
A larga
estrada da vida constitui porta estreita que dificultará o acesso ao magnífico
caminho redentor.
O tempo divino não é cronômetrado pelo homem,
o pêndulo da vida corre mais rápido do que os ponteiros do relógio.
Por
isso, amados irmãos habitantes no templo carnal, não deixem o remorso
arrancar-lhes lágrimas quentes qual o lume, porque lhes vem do íntimo. O amor é
o equilíbrio das emoções nos vendavais e tempestades da vida. Criar obstáculos
aprazará a caminhada. O mal-querer gera desequilíbrio e infelicidade, mas do
bem-querer nasce à harmonia, a alegria e a felicidade inabalável.
A vida
é uma dádiva sublime para os que avaliam a importância da evolução moral. O
renascer na carne é uma chance que Deus concede-nos para o nosso melhoramento.
As
águas do rio mudam seus percursos, nem por isso deixam de se misturar às águas
do mar. O mesmo acontece ao Espírito, desceu à terra para percorrer a nova
trajetória, terminada, a morte o devolverá ao seu habitat natural.
Os
passos da vida ampliam o nosso conhecimento, infelizmente o homem escolhe o
caminho que lhe parecer menos difícil.
A
Infinita Misericórdia de Deus irrigou o sentimento humano com orvalho do amor
para que a benevolência e a quietude do homem se ampliassem.
A
chegada do novo tempo limpará do mundo a maldade. O mel da verdade adoçará o
amargo deixado pela inverdade. Os corações humildes e puros serão acalorados
pela luz da verdade. O sentimento é o olho que vê além dos olhos carnais. Nas
palavras nem sempre está a verdade. O que matou com espingarda, não sujou com
sangue o punhal.
A
verdade é a força que emana do amor do Eterno Pai. A inverdade é a força
emanada da maldade do homem. Para a ferida aberta pelo ódio, o cicatrizante vem
do amor. Devemos trabalhar a purificação dos sentimentos e não inundá-los com
lodaçal da impureza. Maculas de imperfeição só serão eliminadas pelo esforço em
se esmerilhar. O grão não brota da terra seca.
Todo
homem deve se permitir à chance do melhoramento. O conhecimento e a sabedoria o
libertarão do sofrimento e o protegerá dos que vagueiam mergulhados em
perturbação. A superioridade é o instrumento de proteção, em Além-túmulo.
Autora
São Paulo,
13/10/11
Do
Livro Degraus da Vida – Psicografia de Rozalia P. Nakahara
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