sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

EM ALÉM TÚMULO

Em meados do Século XX, o psiquiatra A.P.G., debatia-se no processo da desencarnação, em um porfiado duelo com a morte. O sofrimento subjugava a forma e a sambra da morte planava sobre a carne. O espírito era compelido a abandonar o corpo físico a contragosto. Como andarilho desditoso, desnorteado andava pelo caminho da amargura. Neblina espessa obscurecia a paisagem, o vento forte e úmido soprava, deixando no ar vaga expressão de Lamento. Os equívocos e os vícios da vida corpórea naufragava nas experiências de recém-desencarnado, arrastando-o ao lamentável estado de perturbação. Com os pensamentos em dasalinho, cultivava as ondas crescentes de ódio, revolta e mágoas que se instalaram
em sua mente, atormentando-o, levando-o ao labirinto de pesadelos e horror, à densa angústia espiritual. Ilhado no desespero, desatava os laços do egoísmo engastado no Espírito. Não suportando o fardo do sofrimento, seu desespero atingira o auge. Abrasado pela sobrecarga do sofrimento, experimentava impressão angustiante, sensações indescritiveis lhe martelavam incessantemente o cérebro. Emocionalmente perturbado, sofria sem
o consolo de familiares ou amigos, sentia o mais terrível abandono, precisava de claridade mental para prosseguir. Desdobravam-lhe avassaladas
lembranças da vida corpórea, esposa e filhos se distanciavam no tempo. Examinava, atentamente, a si mesmo. Experimentava a sensação de estar
preso à agonia em que se encontrava. O rancor por aquele que lhe tirara a vida assomava seus pensamentos, permitindo-lhe nutrir o forte desejo de vingança, manosprezando-lhe a dignidade e os sentimentos nobres que ainda lhe restavam.
Turbilhões de pensamentos assomavam-lhe a mente, sustentando a realidade da morte física. Engolfado nas vaidades da experiencia humana,
esquecera o Eterno Pai. Todos os seus sentimentos concentravam-se no egoísmo e na ambição, levando-o ao assédio incessante de forças perversas que o assolavam no caminho ermo da paisagem obscura da desencarnação, na obscuridade das regiões desconhecidas do purgatório, onde sofrera quinhões. Encontrava-se na neblina imensa da desilusão. Pensamentos de ódio embalavam-no na escuridão das trevas onde passara, por longo tempo, em grande desesperação, nutrindo sentimentos acintosos, que contribuíam, com sua desventura, para levá-lo ao mar de forças ignotas.
Precisava confiar na Providência Divina e em si mesmo, mas para isso era preciso converter o ódio em perdão, libertar-se das tentações complexas do egoísmo.
Sentia-se como enfermo apoquentado por inúmeras feridas; conservava no íntimo as cicatrizes da morte física. Espezinhado pelo sofrimento, caminhava na sambra da dor, via-se forçado ao terrível abandono. Sem lograr sequer uma palavra consoladora, entregava-se à amargura.
Na memória, a saudade incontida convertia-se em dor, com o coração a explodir de angústia. Suplicara piedade, o antídoto para combater o ódio do coração. Naquele momento, Deus enviara-lhe em socorro Entidades benévolas e ditosas. Com sublimes preces, estimulavam-lhe o rompimento das
vibrações densas da autopiedade e de revolta, que se aliciava à sua mente atormentando-lhe o cérebro com a ausência da crença em Deus, impossibilitando-lhe o desenvolvimento espiritual. Irrigado de esperança e renovação, o amor emanava do seu coração, aniquilando as forças densas nutridas pela desesperança, deixando as energias benéficas modificarem -lhe a paisagem íntima. Agora se defrontava com desprendimento dos derturbadores umbralinos, e do desabrochar das reminiscências em que se cumpliciavam os erros da vida corpórea.
Resgatado, agora, o médico A.P.G. encontrava-se em uma nova esfera, onde fora submetido ao tratamento para cura das feridas perispírituais
que ainda amargavam-lhe o sentimento magoado por aquele que lhe negara o direito à vida, enjaulando-o ao sofrimento que lhe torturava a alma.
No novo Lar submetia-se ao esquecimento das reminiscências do domicílio da vida terrena, dos descendentes que deixara no mundo e das inquietação que lhe assomavam ao Espírito agoniado. A Providência Divina nomeou Entiades elevadas e ditosas para reconforta-lhe o coração.
A sagrada bênção do mundo espiritaul, conduzia-o ao divã da sublime elevação. Trêmulo de contentamento, o barco da sua esperança ancorava no porta da fé. ompreendera, então, que o sofrimento não se edificara pelas lágrimas, nem pelas feridas sanguinolentas, libertou-se das amarguras, das quais se tornara prisioneiro.
No amparo de amigos, no núcleo de atividades, o sol espiritual iluminava-lhe pela primeira vez, depois de anos confinado na escuridão do próprio
sofrimento.
A majestosa luminosidade envolvia-lhe em renavadas bênções de alegria e de paz...
***
Em 1.984, a vida penetrava no ventre de uma jovem mulher. No útero ela refugiara a vida concebida, nutrira e protegera carregando-a no ventre,
abrigou-lhe em seu próprio corpo nesse estágio inicial da vida da criança, cujo corpo físico servira de veículo para o espírito A.P.G. Conduzido pela Inteligência Suprema a um novo corpo físico em formação. O médico A.P.G. se preparava para o reencarne, passando pelas modificações intensas do processo reencarnatório, revivendo conglomaradas etapas de sua trajetória evolutiva, preparando-se para o regresso no refúgio maternal da carne. Agora partia para o seio da afetuosas mãezinha que Jesus lhe destinou.
Em 1.985, a jovem mamãe recebera em seus braços o médico A.P.G. Reencarnado, o experiente médico, pai de família, voltara a ser criança. Desprotegida e indefesa, precisava de cuidados. Tranquilo e sorridente, William Eduardo irá crescer. Protegido pelos amigos desencarnados que
permanecem na eternidade, e cumprir a incumbência que lhe fora destinada na Terra. Encarnado, (A.P.G.) William Eduardo sonhava com a cena trágica de sua morte anterior, e os caminhos tortuosos por ele percorridos em além-túmulo. William Eduardo recordava-se de sua morte, existência de A.P.G., seu corpo carnal acamado em um leitor hospitalar, gravemente ferido pelo amigo e colega de profissão com um punhalada.
Bruscamente separado do corpo, na existência anterior, em visões William Eduardo vivenciava a própria agonia, no esforço feito para se desprender da matéria. Ainda "ligado" ao corpo físico, no sepulcro, perturbado, o Médico A.P.G. tracejava a mercê de Entidades que andavam a ermo em além-túmulo.
Desencarnado, de Além-Túmulo, William Eduardo narrou sua própria história.
Do Livro O Regresso Psicografia de Rozalia P. Nakahara
Espírito William Eduardo

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